
Uma menina de 11 anos morreu após inalar desodorante aerossol, no domingo (9), em Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco. Segundo parentes, o ato ocorreu por causa de um desafio da internet. De acordo com a Polícia Civil, ela foi socorrida e levada para um hospital municipal, mas não resistiu e morreu logo em seguida. As informações são do g1.
A criança foi identificada como Brenda Sophia Melo de Santana. De acordo com a prefeitura, a menina chegou ao Hospital Municipal Dr. Miguel Arraes às 16h24, e a caminho do hospital teve uma parada cardiorrespiratória. Ela já chegou desacordada à unidade.
A língua de Brenda Sophia estava coberta por um material esbranquiçado. A equipe de saúde tentou reanimar a menina por cerca de 40 minutos, mas ela não resistiu e morreu no hospital.
A causa da morte, segundo a prefeitura, foi por “possível inalação, por via oral, de desodorante aerossol”. O corpo da garota foi levado ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, no Agreste, onde passou por perícias e foi liberado para os parentes.
O laudo médico sobre a causa da morte da vítima será entregue à Polícia Civil. O caso está sendo investigado como “morte a esclarecer” pela Delegacia de Bom Jardim.
Condolências
Por meio de nota, a prefeitura da cidade expressou “profundo pesar” pela morte da menina. “Neste momento de imensa dor, nos solidarizamos com seus familiares, amigos, colegas e toda a comunidade escolar. Que Deus conceda força e conforto a todos que sofrem com essa irreparável perda”, disse.
A Escola de Referência em Ensino Fundamental (Eref) 19 de Julho, unidade municipal em que a menina estudava, também lamentou a morte. “Que sua memória permaneça viva em nossos corações. Nossos sentimentos à família”, publicou o colégio.
Síndrome da morte súbita
De acordo com o pneumologista Alfredo Leite, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), o aerossol contém uma série de produtos que podem ser aplicados na pele, mas que se tornam tóxicos em contato com o sistema respiratório. Entre essas substâncias, estão os hidrocarbonetos.
“São propelentes que fazem o aerossol conseguir formar aquele jato daquela maneira que se espalha no ambiente. São substâncias muito tóxicas, podem causar asfixia e arritmias, inclusive parada cardíaca”, informou.
Segundo o médico, a arritmia cardíaca provocada pela inalação dos aerossóis é chamada de síndrome da morte súbita por solventes. Conforme o especialista, os pulmões têm a mesma origem embrionária dos órgãos do sistema digestório, como o estômago, e têm uma grande capacidade de absorver substâncias que entram no corpo.
“Na hora em que a pessoa inala uma substância tóxica, aquilo ali está entrando no organismo como se ela tivesse engolido aquilo, como tivesse ido para o estômago e o intestino. […] Essa substância é absorvida, vai bater na circulação sanguínea e aí chega no coração, no sistema nervoso central e em todos os lugares onde essa substância tóxica pode causar danos”, detalhou Alfredo Leite.
Além dos hidrocarbonetos, de acordo com o pneumologista, alguns sprays contêm álcool, o que também causa irritação respiratória e pode afetar o sistema nervoso central.
“Para algumas pessoas que são mais sensíveis, por exemplo, asmáticos, tem aromatizantes, perfumes, que se colocam ali no desodorante e que causam espasmos nos brônquios. Mas o ‘clássico’ descrito, realmente, é a toxicidade cardíaca, principalmente na forma de arritmias”, explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário