Foto: Romildo de Jesus
São João sem milho e sem amendoim não é São João. Essa máxima popular que está na boca do povo nesse período junino é uma realidade comprovada não só pela tradição cultural e gastronômica, mas também pela economia baiana.
As duas comidas típicas tão cortejadas são responsáveis por uma grande movimentação financeira: somente em 2024, a Central de Abastecimento de Salvador (Ceasa) já movimentou mais de R$ 1 milhão com a venda do amendoim e R$ 3,8 milhões com a de milho verde. No local, o preço médio da saca de amendoim está R$ 260 e o cento do milho custa R$ 100.
Ontem, a Feira de São João retornou à Ceasa e deve permanecer até o dia 28, aumentando ainda mais as expectativas do setor. A projeção é que a Feira movimente em junho até R$ 6 milhões com duas mil toneladas de amendoim e de milho, o equivalente aos cinco primeiros meses do ano. A movimentação diária deve passar de 10 mil para 20 mil até o dia 30 de junho.
De janeiro a maio deste ano, a Ceasa registrou a entrada de 142,7 toneladas de amendoim e 1,202,6 toneladas de milho verde. Segundo Alberto Queiroz, diretor de Gestão de Mercados e Centrais de Abastecimento, isso representa uma movimentação de aproximadamente R$ 4,9 milhões na economia local. “A Feira de São João na Ceasa é importante para o desenvolvimento econômico, pois nós damos condições aos pequenos produtores, além dos grandes atacadistas, a terem acesso a uma feira organizada, onde o consumidor pode encontrar os produtos em excelentes condições e bons preços”, ressaltou.
Quem estava eufórico na manhã de ontem com a quantidade vendida foi Edmilson Melo, morador de Cajazeiras e há 30 anos trabalhando na Ceasa. Ele conta que das 2 horas até às 10 horas ao menos 20 caminhões carregados de amendoim chegaram e tiveram os produtos vendidos.
“20 caminhões com mais de 20 mil espigas de milho. Tudo vendeu. Só eu vendi seis mil milhos. Meu irmão Adilson Melo comprou 20 mil e já vendeu quase tudo também. Milho e amendoim, aqui, não tem tempo ruim’, comenta.
De acordo com a coordenadora da Ceasa e dos mercados sob gestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE), Cristiane Dada, a Feira de São João se torna neste mês de junho um vetor fundamental de movimentação econômica do estado.
Alta procura por milho e amendoim impulsiona a procura por outros produtos
A alta procura dos baianos pelo milho e amendoim na Feira de São João também acaba impulsionando a venda de diversos outros alimentos típicos dos festejos juninos, o que justifica o dobro da movimentação diária na Ceasa.
Esse movimento é considerado importante para o Estado porque ajuda no escoamento desses produtos da roça. Além disso, os agricultores encontram na Ceasa o local para escoar no varejo e chegar ao consumidor final num preço justo.
Com o São João, a procura por produtos da culinária nordestina, em especial o milho e o amendoim, aumenta consideravelmente e isso reflete nas feiras e mercados municipais da Bahia.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), diariamente circulam na Ceasa cerca de dez mil pessoas, e a expectativa em junho, é que o número dobre para 20 mil.
O secretário Ângelo Almeida acredita ter dois motivos para comemorar. “Temos dois motivos para comemorar, o início da Feira de São João e o lançamento da Operação Ceasa. A feira é tradicional e movimenta o local no período junino, onde a busca pelos itens, como milho, amendoim e laranja, se intensifica, aquecendo a economia e abastecendo mercados e toda a população de Salvador e Região Metropolitana. Para além da distribuição e movimentação econômica, a Feira de São João da Ceasa é um evento cultural no equipamento”, destacou.
Para Augusto José dos Santos, ambulante da Avenida Joana Angèlica, o mês de junho é de lucro e o amendoim é o que não para de sair. afinal, “Tudo acompanha um amendoim nessa época do ano, né? O povo trabalha comendo amendoim, bebe comendo amendoim. Aqui passa gente o tempo todo para levar para o trabalho”, brinca. “É um mês que a gente trabalha, lucra e se diverte bastante”, ressalta o feirante Carlos José dos Santos.
Por Hieros Vasconcelos Rêgo
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