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Censo: 49 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à rede de esgoto

SBT News

Novos dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira (23/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que 49 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à rede de coleta de esgoto. A proporção corresponde a 24,3% da população do país, com desigualdades relacionadas a questões regionais, de raça e cor.

Segundo o IBGE, são 16,4 domicílios onde as pessoas vivem com soluções de esgoto precárias. A “fossa rudimentar ou buraco” era a forma de esgotamento sanitário mais recorrente dessa população, chegando a 19,4%. Na sequência, aparecem o esgotamento diretamente em “rio, lago, córrego ou mar” (2,0%), o esgotamento por “vala” (1,5%) e o esgotamento por “outra forma” (0,7%).

Segundo o Censo de 2022, a maioria dessas desigualdades estão relacionadas a questões regionais, etárias, de cor ou raça. A região Sudeste (86,2%) foi a que apresentou a maior parcela da população morando em domicílios com coleta de esgoto.

No sentido oposto, a região Norte (22,8%) mostrou a menor taxa nesse indicador. Entre as unidades da federação, os destaques no lado positivo e no negativo foram, respectivamente, São Paulo (90,8%) e Amapá (11,0%).

Pessoas pretas, pardas e indígenas tiveram as menores proporções de conexões de redes de serviço sanitário, principalmente na comparação com pessoas brancas e de cor ou raça amarela, como explica o analista do IBGE Bruno Perez.

“Esse panorama está ligado à distribuição regional dos grupos, com presença maior da população de cor ou raça preta, parda e indígena no Norte e Nordeste, regiões com menor infraestrutura de saneamento. Em todos os 20 municípios brasileiros mais populosos, a população de cor ou raça branca têm mais acesso a abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo do que a população de cor ou raça preta, parda e indígena”, conclui.

Apesar da grande quantidade de pessoas sem esgoto, a rede sanitária no país cresceu e chegou a 62,5% da população. A proporção aumentou em relação a 2000 (44,4%) e 2010 (52,8%).

Os dados mostram que as duas opções usadas no Brasil para o esgotamento sanitário são a rede geral ou pluvial (58,3%) e a “fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede” (4,2%), que juntas somam 62,5%.

Também há um percentual de 13,2% de pessoas que adotaram soluções individuais consideradas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) como “fossa séptica ou fossa filtro”, não ligadas à rede de esgoto.

Considerando as três formas adequadas segundo o Plansab (rede geral ou pluvial, fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede e fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede), ou seja, quem vivia em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica, os valores foram de 59,2% em 2000, 64,5% em 2010 e 75,7% em 2022.

Em 2022, a rede geral de abastecimento de água atingiu 82,9%. O acesso à água encanada também traz uma forte desigualdade regional, principalmente na região Norte, com acesso apenas a 55,7% da população.

Segundo Perez, o acesso à rede de esgoto é mais caro e requer mais obras de infraestrutura, e por isso, existe um déficit maior no atendimento à população.

“Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo”, explica.



 

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