Um dos maiores símbolos da Itália atualmente, a pizza desembarcou em solo nacional junto dos imigrantes italianos do Sul e acabou por conquistar o coração dos brasileiros em pouco tempo.
A redonda é tão importante e amada por aqui que ganhou até uma data para chamar de sua, com o Dia da Pizza, comemorado no dia 10 de julho.
A data foi instituída em 1985 após um concurso do estado de São Paulo idealizado pelo então secretário do turismo Carlos Luiz de Carvalho, que, à época, elegeu as 10 melhores receitas paulistas.
A data caiu então no gosto das pizzarias a nível nacional, que adotam a ocasião informalmente e realizam ofertas e combos para aquecer o comércio.
A paixão é tanta que os números surpreendem: segundo a Associação de Pizzarias Unidas do Brasil (APUBRA), o Brasil conta com cerca de 112 mil pizzarias ativas – número que considera apenas as empresas evidenciadas pelo código de atividade (CNAE) e estão cadastradas na Receita Federal.
Deste montante, São Paulo sai na frente perante os demais estados: a entidade estima que são 26.160 pizzarias ao todo.
Uma fatia da Itália
Porém, mesmo as redondas sendo hoje um símbolo da gastronomia italiana, a realidade nem sempre foi assim. Na verdade, as pizzas acabaram por se popularizar primeiro justamente no Brasil e depois na própria Itália.
No território europeu, as pizzas eram consumidas principalmente pelas camadas mais pobres da população do Sul, especialmente em Nápoles e região.
Essas e outras curiosidades que rondam as pizzas são evidenciadas no novo livro “Uma fatia da Itália”, da jornalista Flávia G. Pinho.
Especializada em gastronomia e pesquisadora em História da Alimentação, ela estudou por cerca de três anos a chegada da iguaria em solo brasileiro.
Em busca da identidade da pizza paulistana, ela se deparou com uma bibliografia escassa. As referências se debruçavam principalmente sobre aspectos mais técnicos ou eram histórias autorreferentes de pizzarias famosas.
Mas como a pizza saiu da Itália, chegou ao Brasil e foi aclimatada por aqui? Com auxílio de pizzaiolos, donos de pizzarias e herdeiros desses estabelecimentos, a jornalista pôde traçar um caminho sobre este prato na capital paulista, que depois ganhou o coração – e o paladar – do resto do Brasil.
A seguir, confira alguns fatos sobre a chegada e a popularização pizza por aqui em conversa com Flávia.
Qual a origem da pizza?
No Egito antigo já existiam os pães, assim como começaram a trabalhar com a fermentação e a fabricação de fornos. Foi na Itália que a pizza ganhou o molho de tomate e, assim, começou a assumir uma cara que conhecemos hoje.
Regional ou nacional?
A pizza na Itália não era um prato nacional, mas sim regional, da zona portuária de Nápoles. Era uma comida da classe operária, dos mais pobres.
Elas eram feitas em discos simples de massa com molho de tomate, em que se colocava ingredientes que se tinha à mão, como queijos, e peixes secos. Assim, eram comercializadas em estabelecimentos simples, em bancadas e até por meio de vendedores ambulantes.
Tinha uma característica de ser uma comida fácil de se comer com a mão, sem talher, em trânsito. Para se ter uma ideia, a pizza demorou mais tempo pra se difundir na Itália do que no Brasil. Ela virou um prato nacional em território italiano muito depois que a gente já tinha a pizza aqui em nosso país.
A pizza no Brasil
Foi com essa roupagem de comida mais pobre que ela chegou a São Paulo. A segunda leva de imigrantes que chegou na capital paulista, no início do século 20, era do Sul da Itália, onde se comia pizza.
Eles chegaram aqui e queriam comer algo que lembrasse de casa. Assim, a pizza começou a ser vendida por ambulantes e comercializada na porta das fábricas desde manhã cedo.
Era uma comida barata que matava um pouco a saudade de casa e só depois passou a ser comercializada em restaurantes e estabelecimentos próprios.
A primeiras pizzarias no país
Primeiro, antes delas chegarem às pizzarias, as pizzas começaram a ser feitas nas casas dos imigrantes. Alguns estudiosos relacionam isso ao fato de comermos pizza mais no período da noite, uma vez que as mulheres dos imigrantes faziam as pizzas quando o sol baixava para reunir os amigos, pois durante o dia todos estavam trabalhando.
Informalmente, esse processo de fazer a pizza para amigos é o que pode ter dado a origem para pequenos negócios.
A primeira pizzaria como tal que se tem notícia pertencia a um imigrante chamado Carmino Corvino. Ele vendia essas pizzas como ambulante na rua e foi em 1910 que inaugurou um estabelecimento.
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