Ao passo que se aproximam as eleições municipais de 2024, as forças políticas do estado vão se organizando para enfrentar os desafios do período eleitoral. Não é diferente em Alagoinhas, 11º maior colégio eleitoral da Bahia, em que os grupos em torno do atual prefeito Joaquim Neto (PSD) e do ex-prefeito Paulo Cezar Simões (Solidariedade) já iniciaram as conversas para viabilizar suas candidaturas.
A oposição parece mais bem definida. Paulo Cezar é pré-candidato assumido. Hoje no Solidariedade, o ex-prefeito considera mudar de partido até fevereiro de 2024. Um dos destinos possíveis é o União Brasil, legenda do deputado federal Paulo Azi, de quem ele é aliado.
“Estou no Solidariedade, a priori, mas sou parte do grupo do deputado federal Paulo Azi e, no momento certo, a gente vai definir a melhor legenda para a disputa. Ainda está muito cedo, tem muita coisa para acontecer, mas o cenário está sendo colocado”, afirmou Paulo Cezar.
Incentivado a avaliar a gestão de Joaquim Neto, seu rival político local, Paulo Cezar preferiu não fazer críticas diretas e não entrar em um confronto mais aberto com o atual prefeito de Alagoinhas.
“Eu não tenho nada contra ninguém pessoalmente em Alagoinhas. Eu só quero que a cidade cresça. Eu deixei uma cidade pujante quando governei a cidade. Quero que ela volte a ser assim. Precisamos alavancar o município, que é muito rico, tem muito potencial e pode mais do quem sido”, avaliou o ex-prefeito.
Foi diante de Paulo Cezar que o atual prefeito, Joaquim Neto, foi reeleito em 2020. Mas, em 2024, não será possível concorrer a um terceiro mandato, o que obriga o gestor municipal a pensar em um sucessor.
Até o momento, Joaquim Neto não tem um nome definido, mas pelo menos sete opções para a disputa, sendo cinco deles integrantes da própria gestão do município: Gustavo Carmo, secretário de Educação; João Rabelo, secretário de Governo; Raimundo Queirós, secretário de Gabinete; Gal Reis, secretária de Infraestrutura; e o vice-prefeito Roberto Torres.
Na disputa pelo posto de representante de Joaquim Neto no pleito de 2024, também estão dois integrantes da Câmara Municipal de Alagoinhas: o presidente da Casa, Cleto da Banana (PSD); e o vereador Jorge da Farinha (PL).
De acordo com o atual prefeito, todos os sete postulantes possuem a confiança dele. A promessa feita por Joaquim Neto a eles é a que a escolha deve ser tomada até o final de outubro de 2023, baseada em números de pesquisas internas a serem contratadas pelo PSD.
“Eu estou sempre dizendo que a pauta ainda está cedo. Neste ano, não sei o que aconteceu, que todo mundo quis se antecipar. Eu defini que, no início de outubro, eu ia definir e anunciar o candidato à nossa sucessão. Como tem sete candidatos, eu vou fazer uma análise de pesquisa eleitoral, para ver quem está melhor posicionado, para ver quem consegue reunir o maior número de apoiadores para alianças. O critério vai ser esse. Quem tiver maior aceitação e menor rejeição, além da amplitude de apoios”, disse o prefeito de Alagoinhas ao A TARDE.
Gustavo Carmo, secretário da Educação, é considerado o favorito para ser escolhido. A avaliação do seu trabalho nos corredores da prefeitura é positiva e o quadro possui uma boa relação tanto com o prefeito quanto com a primeira-dama, a deputada estadual Ludmila Fiscina (PV).
“Os sete pré-candidatos juram fidelidade a mim. Mas não vai ser por critério pessoal. Eu já fui prefeito outras vezes e sei diferenciar o pessoal do público. A gente deixa nosso legado e pronto. A minha escolha pode ser a continuidade de projeto de governo, mas continuísmo pessoal não será”, garantiu Joaquim Neto.
A tendência observada nos bastidores da política municipal é que o candidato escolhido pelo atual prefeito de Alagoinhas será, invariavelmente, o apoiado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). Joaquim mantém boa relação política com o gestor estadual, que tem pedido para que sua base aliada tenha apenas uma candidatura por município nas eleições de 2024.
O desafio a ser superado é a relação de Joaquim Neto com o PT na cidade. Os petistas fizeram oposição ao prefeito durante os seis anos de gestão até aqui e já lançaram uma pré-candidatura para 2024, representada pelo sindicalista Radiovaldo Costa, do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA).
O lançamento de Radiovaldo como pré-candidato foi realizado pelo PT de Alagoinhas, seguindo uma orientação direta do presidente estadual da legenda, Éden Valadares, que tem buscado antecipar os debates no âmbito da federação Brasil da Esperança, integrada pelos petistas e também por PCdoB e PV.
Procurado pelo A TARDE, Radiovaldo afirmou que, apesar da oposição feita pelo PT à gestão de Joaquim Neto, as diferenças entre as partes não são incontornáveis e um diálogo já foi iniciado entre os grupos.
“Nós fizemos uma oposição propositiva, em favor da cidade, dialogando, com respeito, diferente da oposição mais radical feita pelo grupo do ex-prefeito Paulo Cezar. Então eu não vejo uma barreira intransponível para uma composição entre o PT e o prefeito Joaquim Neto em 2024”, avaliou Radiovaldo.
As conversas entre Joaquim Neto e o PT estão sendo realizadas, basicamente, entre o próprio prefeito e o deputado federal Joseildo Ramos (PT-BA), que governou a cidade entre 2001 e 2008. O diálogo é incentivado tanto por Jerônimo quanto pelo senador Otto Alencar (PSD), líder do partido do atual gestor municipal.
As partes ainda não confirmam oficialmente, mas a tendência é que seja oferecido a Radiovaldo e ao PT o posto de vice-prefeito na chapa governista, que ainda não tem um “cabeça”.
“Tenho afinidade com o ex-prefeito Joseildo Ramos e a gente teve algumas conversas, com a ciência do governador Jerônimo e do senador Otto Alencar. Eu estive com Radiovaldo nesta semana e ele é bem-vindo. A gente tem feito algumas reuniões internas e é possível que tenha uma aliança. Em política, tudo é possível”, confessou Joaquim Neto.
“Nós pretendemos lançar o cabeça de chapa e vamos aguardar a definição do PT e do PCdoB, que também pretende entrar. Há a probabilidade da gente sair unido”, sinalizou o prefeito.
Tanto Radiovaldo quanto Joaquim Neto receberam do governador Jerônimo o pedido para a construção de um acordo e ambos os grupos parecem dispostos a construir a aliança.
“A minha relação com o governador Jerônimo é muito boa. Somos apoiadores dele de primeira hora e eu sou liderado pelo senador Otto, sou do PSD. A gente conseguiu fazer a primeira-dama do município deputada estadual, Ludmilla, e ela é do PV. Então a gente conseguiu ter uma conexão muito grande com o governador do estado”, contou Joaquim.
“Vamos manter as conversas, para tentar viabilizar o pedido do governador Jerônimo, de construir uma única candidatura da base aliada do governo. É esse o nosso objetivo aqui em Alagoinhas”, concluiu Radiovaldo.
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